RUI SANCHES NO MUSEU BERARDO

RUI SANCHES NO MUSEU BERARDO

O Museu Coleção Berardo inaugura no próximo dia 9 de outubro “Espelho”, uma exposição individual do nosso colaborador Rui Sanches, Professor na Licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Algarve.

“Espelho” com curadoria de Sara Antónia Matos, apresenta séries de trabalho recentes nas quais o artista cruza suportes, meios e técnicas – desenho sobre papel, fotografia, esbocetos de barro, esculturas de parede em diversos materiais. Levando a jogo múltiplas referências, nomeadamente da história da arte, o conjunto revela um pensamento que se descola do plano para invadir o espaço e que, simultaneamente, num movimento inverso, regressa à superfície de papel, como que rasgando a sua bidimensionalidade, perfurando-a e criando profundidade.

A exposição terá também patente uma entrevista realizada pela equipa CIAC no âmbito da série Artist Talks, conduzida por Mirian Nogueira Tavares, que pode ser visualizada aqui.

A inauguração acontece pelas 19h00, no Museu Coleção Berardo, em Lisboa e tem entrada livre.

Rui Sanches é um escultor português nascido em 1954, em Lisboa.

Em 1974, desistiu do curso de Medicina (frequentava então o terceiro ano) e ingressou no Ar.Co (Centro de Arte & Comunicação Visual), onde frequentou os cursos de Introdução à Pintura, Escultura e Fotografia. Em 1977 partiu para Londres onde estudou no Goldsmiths’ College, obtendo o Bachelor of Arts, com honours, em 1980.

Depois, foi para os Estados Unidos da América, onde se inscreveu na Universidade de Yale (New Haven), alcançando o grau de Master of Fine Arts em escultura. De regresso a Portugal, em 1982, Rui Sanches retomou o trabalho iniciado nos Estados Unidos um ano antes, e que já então privilegiava os materiais de natureza industrial, utilizados na vida quotidiana: contraplacados, vidro, tubos de metal, estafe, dobradiças, entre outros.

Em meados da década de 80, apresentou-se como um dos protagonistas do chamado pós-modernismo. O seu trabalho remetia para a história da arte, usando como referência pinturas de David, Poussin e de outros artistas, que ele transpõe para a escultura, num processo de desconstrução de uma obra, para reconstruir uma outra.

Nos anos 90, começou a fazer escultura com um processo de acumulação de extratos de madeira (contraplacados e aglomerados de madeira), numa procura mais orgânica. São esculturas construídas a partir de estratigrafias de aglomerados de madeira, nas quais cada estrato vai servindo sucessivamente de molde ao estrato que lhe sucede imediatamente no espaço e no tempo.

Assim, a escultura de Sanches, muitas vezes feita a partir de uma maqueta em barro, elimina a ideia modernista do artista como autor da ideia, mais do que da prática física. Neste caso, o artista é sempre o autor da obra, entendida como um todo.

Durante a década de 90, Rui Sanches exerceu, entre 1994 e 1998, a função de diretor adjunto no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP).